RESUMOS |
ABSTRACTS
Conferencistas
| Keynote Speakers
Juan Ramón Núñez Pestano (Universidad La Laguna, Canarias)
Gobernar las
islas y gobernar los achipiélagos: la necesidad de un estudio comparado de los
pleitos insulares
RESUMO | ABSTRACT
Esta ponencia
plantea la necesidad de afrontar un estudio comparado de las sociedades de los
archipiélagos de la Macaronesia que trascienda más allá de los procesos de
descubrimiento y colonización desarrollados en los siglos XV y XVI y se fije en
las similitudes y diferencias institucionales y las formas de organización y
gobernanza política establecidas por Castilla y Portugal en sus dominios
respectivos. Paradójicamente las diferencias institucionales en las
organización de los municipios dieron lugar a rasgos similares en las
respectivas sociedades insulares (reforzamiento de los poderes locales frente a
las capitanías y los delegados regios, oligarquización de las cámaras y control
de las milicias).
Este estudio de lo
social debe ser la base del análisis de un fenómeno compartido en los
archipiélagos de la Macaronesia que ya han señalado las respectivas
historiografías insulares, la aparición entre los siglos XVIII y XX de
conflictos entre islas y de una acusada identidad insular, que se difunde entre
la población y es utilizada por las élites respectivas para legitimar y
justificar su poder político.
A partir del caso
de Canarias estudiaremos el proceso de formación de las identidades locales, la
ausencia de un verdadero significado político del concepto Canarias, la
aparición del Archipiélago como sujeto político y el conflicto que desencadenó
pleito insular y el insularismo como ideología política.
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
Profesor titular de Historia
Moderna. Departamento de Geografía e Historia. Universidad
de La Laguna.
Main research of the author is related to the History
of Agrarian and Rural History, field he referred to most of his works
published, starting with his memory of graduate published with the title “The
Dynamics of the Ownership of the Land Property in Icod de los Vinos, Tenerife
(1796-1830). Social Transformations and Economic behaviour in the Crisis of the
Old Regime” (1984), or else some contributions to tributes and congresses as
"Census and Tributes in the Canary Islands at the End of the Old
Regime" (1988); "Irrigation, supply urban and property of water in
Tenerife at the end of the old regime" (1993); "Terrestrial
communications in Tenerife" (2003) and most recently the “History of
the Forest of Tenerife”, work in two volumes, in collaboration
(2011).
In recent years, this path of research has led him to
be interested in the study of communal practices and its disappearance, as it
is the case of: "Peasants, agrarian change and communal uses: the case of
the grassland of La Laguna (Tenerife), 1498 - 1769" (2014). "Communal
rights and social conflict during the early modern period: revolts against the
encroachments of the pastures of the Valley of La Orotava (2015) or"
Struggle for the appropriation of resources and the end of municipal
exploitations in las Cañadas del Teide: forms of ownership or management
systems "(2015), and “History and cultural landscape: the
ranches of "culture and cattle" on the summits of western Tenerife”
(2018).
In parallel with this line of research, the author has
developed in addition a second line of works related with the institutional
history of the Canary Islands during the modern age, as it is the case of
"the crisis of the municipal model in the Canary Islands to end of the old
regime (1994), or the monograph titled the triumphant Nivaria and its glorious
capital or the origins of the insular lawsuit (2001). The need to teach the
subject of archives in the Bachelor's degree in history gave rise to a new line
of research in archival and documentary genesis which in recent years has
developed in parallel with his investigations of agrarian history, highlighting
work on the documentary resources of the ancient councils, as was the case with
the catalogue of documents of the Council of La Palma (1501-1812) published in
1999 or the chapter “Proceedings of the Council of Tenerife: the application of
quantitative analysis to know the Organization and genesis of a documentary
series” (2009), although recently this line of work has evolved into the study
of the process of formation of the family archives, topic on which has been
invited to the Congress Family files paper." Social groups, domination and
construction of memory (12th - 16th) Vitoria (2014), with the title "the
formation of a family archive: the Lercaro family of Tenerife".
Antónia Fialho
Conde (Universidade de
Évora)
Margarida Sá
Nogueira Lalanda (Universidade dos Açores)
Regras
e (des)governanças no mundo claustral feminino
As formas de governança dos mosteiros femininos de clausura nos séculos XV a XVIII encontram-se pormenorizadamente definidas numa primeira fonte: as Constituições Gerais que foram elaboradas após o Concílio de Trento por cada Ordem ou Congregação e, depois de aprovadas pelo Papa, publicadas e distribuídas por todas as casas destas famílias de religiosas. Tais textos contêm determinações claras quanto à governança a exercer pela autoridade máxima interna do convento, a prelada (com denominações diferentes, como “abadessa ou “presidente”, nas várias Ordens), e igualmente ao controlo desta pela autoridade eclesiástica masculina externa, nuns casos o bispo local e noutros a cabeça dum convento da mesma família, naquilo que resulta num segundo e num terceiro tipos de fontes escritas para esta temática: as Visitas ou Visitações efetuadas pela tutela a um mosteiro, e as Juntas ou Capítulos gerais do ramo masculino duma Ordem em que são apresentados e mandados corrigir os casos assinalados nas casas femininas.
Para se conhecer de tais governanças teóricas e desgovernanças vividas, são apresentados aqui casos de mosteiros femininos nos séculos XVII e XVIII num espaço não só insular como arquipelágico e de fronteira marítima, os Açores, e num espaço de fronteira terrestre, a arquidiocese de Évora.
Antónia Fialho Conde
is assistant professor in the Department of History of the Universidade de
Évora, where she obtained her doctorate in 2005 with the thesis O mosteiro
de S. Bento de Cástris e a Congregação Autónoma de Alcobaça (1567-1776), published in 2009 by Edições Colibri.
She is an
integrated researcher in CIDEHUS-UÉvora, in lines 1 and 2, and collaborating
researcher of CEHR/UCP. She also works regularly with the laboratory HERCULES/UÉvora.
Her fields of research are Female Cistercian Monasticism and History of the
Church in Portugal (modern period), as well as Heritage and Material Culture
(modern period). She has had work published in different publications, in the
field of teaching and in the orientation of graduate and post-graduate theses.
She participates in various funded national and international projects, and was
the Head Researcher of the FCT project EXPL/EPH-PAT/2253/2013,
Projecto ORFEUS - A Reforma tridentina e
a música no silêncio claustral: o mosteiro de S. Bento de Cástris. She is
Director of the Master’s Orientation Commission in Management and Evaluation of
Historical and Cultural Heritage of the Universidade de Évora and Advisor of
the Master’s Commissions Erasmus Mundus TPTI (Évora-Sorbonne-Pádua) of the
first Cycle in History and Archaeology of the Universidade de Évora.
Margarida Sá Nogueira Lalandahas a doctorate in the History of Culture and Institutions, and is assistant professor in the Universidade dos Açores. Integrated member of CHAM - Centro de História d’Aquém e d’Além Mar of the Universidade Nova de Lisboa e da Universidade dos Açores, where she is part of the Grupo Configurações Políticas e Religiosas (Political and Religious Forms). She has written various studies about the history of society, culture and religious life, particularly the Poor Clares and female convents in the 15th – 18th centuries. These include her doctoral thesis (1996) A Sociedade Micaelense no século XVII (Estruturas e Comportamentos) published in 2002 by the Fundação Calouste Gulbenkian with the Fundação para a Ciência e a Tecnologia; A admissão aos mosteiros de Clarissas na ilha de São Miguel (séculos XVI e XVII); co-author of «Regra e Comunidade: os Poderes nas Constituições Gerais de 1641 para os Mosteiros de Clarissas», (in Arqueologia do Estado); «Clarissas (Ordem de Santa Clara)» (in Dicionário de História Religiosa de Portugal); «Vida religiosa e trabalho: freiras de clausura no século XVII nos Açores» (in A Mulher e o Trabalho); «Considerações históricas sobre a Madre Teresa da Anunciada» and «Do Convento de Jesus, na Ribeira Grande (S.Miguel), no século XVII: as cartas de dote para freira» (both in Arquipélago. Revista da Universidade dos Açores); «Clarissas nas dioceses do Funchal e de Angra nos séculos XVI e XVII» (in Diocese do Funchal).
Rute Días Gregório
Entre o governo da terra, das terras e do mar:modelos da
humanização das ilhas
O governo e a ocupação das ilhas
atlânticas portuguesas, dos séculosXV e XVI, adapta e desenvolve velhos
modelos, alguns de matriz senhorial.Das donatarias e capitanias (enquadramento
político-administrativo daocupação), à concessão e apropriação do solo, ao
assentamento deexplorações e povoados, os modelos da governança rememoram
velhaspráticas, mas também enunciam novas formas, geradas por novos mundos epor
novos espaços.
Esta conferência, dando uma visão
panorâmica comparativa dosmodelos de organização do poder e do território
insular português, na suaimplementação e desenvolvimentos quatrocentista e
quinhentista, pretenderelevar aspetos diferenciadores que se colocaram à
governação de ilhasperiféricas, marcadas pela situação de fronteira, mas também
eessencialmente marcadas por uma natureza ambivalente e dicotómica, depouca
terra e de muito mar. Como se refletiram estes elementos naimplantação de
modelos de governança, nos modelos de distribuição da terra,ou na ocupação do
território? Que novos fatores puderam ou não alterar asmatrizes de referência?
Como se impôs, ou foi determinante, esta relaçãoparticular entre terra e mar
que as ilhas decretam? Como contribuiu, ou não,para as especificidades de novos
modelos, ou para o exercício de cargos oufunções? Como marcou, ou não, a gestão
e a apropriação do solo? Como, emsuma, determinou a humanização dos novos
territórios?
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
Rute Isabel Rodrigues Dias Gregório
nasceu no Uíge, Angola, em 1966. É Professora Auxiliar da Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas / Departamento de História Filosofia e Artes da Universidade
dos Açores e investigadora integrada do CHAM-Centro de Humanidades da Faculdade
de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade
dos Açores. Doutorou-se em História, em 2006, com a tese “Terra e fortuna: os primórdios da humanização da ilha Terceira
(1450?-1550)” [pub. 2007]. Possui pós-graduação em Ciências Documentais e
da Informação pela Universidade dos Açores (2008), tem um Master em Documentação pela Universidade de Alcalá de Henares
(2011) [pub. 2015]. Foi diretora da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de
Ponta Delgada entre 01.10.2011 e 01.01.2017, e diretora da Biblioteca, Museu e
Arquivo da Universidade dos Açores, entre 15.02.2017 e 31.08.2018. Exerceu,
entre 01.09.2018 e 01.03.2019, em regime de substituição, funções de deputada
na Assembleia Legislativa Regional dos Açores. Dirige, atualmente, Serviço
Diocesano dos Bens Culturais da Igreja – Diocese de Angra (Açores). Em
representação da Diocese de Angra é membro do Conselho Regional de Cultura e da
Comissão Consultiva do POTRAA (Plano de Ordenamento Turístico da RAA). Os seus
principais temas de investigação enquadram-se na História Económica e Social
dos séculos XV e XVI, na História dos Açores (séculos XV-XVI) e na Arquivística
Histórica (séculos XV-XX). Tem publicados vários livros e artigos em revistas
da especialidade.
José
V. Pissarra
O
caso exorbitante da ilha das Flores: o ataque à armada de Diogo Leite em 1537
RESUMO | ABSTRACT
Em Abril de 1537, enquanto faziam aguada na ilha das
Flores, quatro caravelas do rei de Portugal, enviadas de Lisboa e de Angra, sob
o comando de Diogo Leite, para recolher e escoltar uma nau da carreira
retardatária, foram surpreendidas por três navios de Dieppe: La Grande Martine (Jacques Malo), Le Poulain (Jean Roussel) e La Feronnière (Nicolas Martel). Com
grande parte das guarnições em terra, a pequena armada portuguesa foi por
completo desbaratada: duas caravelas foram afundadas e as restantes capturadas,
uma das quais foi levada para França, com o saque e um troféu de cerca de
quarenta peças de artilharia.
O incidente, insólito, na medida em que os alvos eram
navios do rei, e assim ostensivamente identificados – “com bandeiras de minha
divisa e da cruz de Cristo” – arrancou a D. João III inusitadas palavras,
transmitidas a Rui Fernandes de Almada, seu embaixador em França: “maior
desprazer”; “tão grande meu descontentamento”; “insulto”; “caso tão
exorbitante”; “feito de qualidade e assim grave”; “coisa tão mal feita”; “…como
se estivéssemos em guerra rota”. Isto a par de uma reação mais concreta: a
forte armada da costa, sob o comando de Diogo da Silveira (com bandeira no
galeão grande São João) foi desviada
para as ilhas, onde logo após meteu a pique o navio de Dieppe Petit Lyon (Jacques Nicolas), cuja
tripulação foi torturada com grande crueldade e depois executada. Quando a
notícia chegou à Normandia, provocou um brado geral de vingança, que logo após
se espalhou à Bretanha. Em muitas das vilas e cidades fizeram-se armações
apenas contra os portugueses e em inícios de 1538 a rede de espionagem de D.
João III dava conta do mistério das caravelas portuguesas encontradas à deriva
sem ninguém a bordo.
No grande desenho, na perspectiva diplomática portuguesa,
esta sequência de graves incidentes reforçou o desencantamento quanto à
possibilidade de uma França compensadora do bloco hispano-imperial, de que
Portugal, num contexto progressivamente desfavorável à sua política externa,
agudamente necessitava. Comprometendo as grandes linhas assentes em contrapartidas
ao isolamento e em contrapesos face aos impulsos hegemónicos e também a
neutralidade face às grandes rivalidades dinásticas europeias. Em última
análise, condenando o Reino a uma aproximação aos Habsburgos, ou seja, à
subordinação externa e à exposição da soberania.
O presente estudo articula-se em três planos: 1) do
episódio em pormenor, cujo apuramento é tanto mais necessário quanto a
ambiguidade documental deu azo ao desdobramento historiográfico do incidente em
dois episódios distintos (1536 e 1537), equívoco consagrado que importa
corrigir; 2) Do contexto imediato em que se insere, ou seja o sistema defensivo
português do Atlântico e em particular a placa giratória entre Angra e Lisboa;
3) Do plano da diplomacia, ou em que medida o incidente condicionou a política
externa portuguesa.
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
José V. Pissarra (Lisboa, 1971). Doutorado em História
dos Descobrimentos e da Expansão pela Universidade de Lisboa. Investigador
Integrado do Centro de História da Universidade de Lisboa (CH-UL) e membro
efectivo da Academia de Marinha, Lisboa.
RESUMOS |
ABSTRACTS
Comunicantes | Speakers
Resumos das propostas de comunicação recebidas por chamada de artigos e avaliadas em regime de anonimato pelos membros da comissão científica.
Papers abstracts received by call for papers and evaluated in blind review
by the members of Scientific Committee.
PAINEL 1 – CENTRO E PERIFERIAS: GOVERNAR À DISTÂNCIA
Sergio Hernández Suárez
Los primeros intentos del control
commercial Canario-Americano: el primer juzgado de Indias en Canarias
El presente estudio pretende analizar el
establecimiento del primer Juzgado de Indias en Canarias, siendo el período
1564-1566 el único en el que existe un sólo Juzgado para todo el archipiélago,
con sede en la isla de La Palma.
El Juzgado de Indias fue una institución creada en
las Islas Canarias por el rey Felipe II en 1564 dentro del marco del desarrollo
de la expansión comercial atlántica hispánica. Se trataba de una institución
delegada de la Casa de Contratación de Sevilla y su misión era controlar el
creciente comercio canario-americano mediante su implantación en las propias
islas.
Por ello, las disputas entre las islas de realengo
(Gran Canaria, Tenerife y La Palma) por el establecimiento de la nueva
institución en su isla fueron continuas, aunque finalmente fue la ciudad de
Santa Cruz de La Palma quien contó con este “honor”, de manera que todos los
navíos que partían desde el archipiélago en dirección hacia América debían
registrarse primero en el puerto de la capital palmera.
Sin embargo, lo que en un principio supuso un enorme
privilegio para La Palma, pronto se convirtió en un complicado problema de
competencias que desembocó en notorios conflictos entre el Juzgado de Indias y
el Cabildo de La Palma (máximo órgano de poder insular), que en muchas
ocasiones precisaron la mediación de la Corona. Junto a todo ello, las
protestas de Gran Canaria y Tenerife por establecer el Juzgado en sus capitales
no cesaron, lo que condujo a que, durante los tres años de monopolio del
Juzgado de Indias en La Palma, el clima de tensión tanto interna como
externamente fuera continuo, lo que derivó como única solución en la creación
de un Juzgado en cada una de las islas de realengo.
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
Graduado en Historia por la
Universidad de Las Palmas de Gran Canaria.Máster en Historia Moderna por la
Universidad Autónoma de Madrid.Doctorando en Historia Moderna por la
Universidad de Las Palmas de Gran Canaria, actualmente se encuentra en la
realización de la tesis doctoral titulada “El Cabildo de La Palma durante el
reinado de Felipe II” dirigida por el Catedrático de Historia Moderna Manuel
Lobo Cabrera (Universidad de Las Palmas de Gran Canaria).
Investigador Predoctoral de la
Agencia Canaria de Investigación (ACIISI).
Estudios e investigaciones sobre
la Administración Local de las Islas Canarias durante la segunda mitad del
siglo XVI, con especialización en transcripción y análisis de Actas de Cabildos
de realengo, habiendo realizado la transcripción de las Actas del Cabildo de La
Palma en el período 1559-1594.
Maria Teresa Avelino Pires
Administração central e governança local entre os
séculos XV e XVII nas ilhas de Cabo Verde
No
início da década de sessenta do século XV o poder central iniciava o processo de administração
das ilhas descobertas ao largo do cabo designado “Verde”, recorrendo ao modelo já
experimentado noutros espaços atlânticos mais a norte, a capitania donatarial.
Porém, o poder do donatário, exercido quase sempre pelo seu capitão, foi
acompanhado pela criação de instituições indispensáveis ao exercício de outros
poderes locais, nomeadamente as instituições municipais.
A
partir de 1587, sob o novo
sistema político-administrativo de governo-geral, a Câmara da cidade de
Santiago emergiu como a principal instituição de exercício e partilha do poder,
a nível local, tendo marcado profundamente a vida das populações nos dois
séculos seguintes. Nessas centúrias, os vários constrangimentos que
dificultavam a acção do poder central nas áreas periféricas do Império foram
habilmente aproveitados pela governança local, representada na Câmara, para
reforçar internamente o seu poder. A própria Coroa foi concedendo sucessivas benesses
a essa elite municipal, nomeadamente, autorizando que substituíssem os oficiais
régios superiores em áreas tão relevantes como a justiça e a Fazenda Real,
solicitando a intermediação da instituição camarária na arrecadação de impostos
e na contenção dos “levantamentos” e permitindo que a governança local
reforçasse o seu poder militar no quadro da grande insegurança que
caracterizava a vida das populações insulares nos séculos XVII e XVIII.
Contudo,
foram nos momentos cruciais de vagatura ou morte repentina do governador que a
governança camarária, como representante privilegiada da Coroa podia substituir
e dispor de todos os poderes do governador, atingia então o auge da autoridade
e influência sobre todos os moradores, garantindo-lhe uma total preponderância
sobre os restantes grupos sociais.
Natural da cidade da Praia, Cabo Verde.
Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em
1974, Mestre em Relações Interculturais pela Universidade Aberta em 2000,
Doutorada em História dos Descobrimentos e da Expansão Portuguesa pela
Universidade Nova de Lisboa em 2010.
Actualmente é investigadora integrada do CHAM -
FCSH/NOVA-UAç.
Tem
experiência profissional docente e de chefia no ensino básico e secundário
entre 1975-2003.
Em 2003 obteve equiparação a bolseira de
investigação, de cujo trabalho resultou uma tese de doutoramento intitulada O Município nas ilhas de Cabo Verde -
séculos XV a XVIII.
Em 2007 participou no evento 200 anos de
Denúncia da Escravatura (1807-2007) com o estudo “Bosquejo histórico do
nascimento e extinção da escravatura nas ilhas de Cabo Verde,” publicado em
2008.
Entre 2010 e 2011 colaborou com o Centro de
Estudos de História do Instituto de Investigação Científica Tropical no
projecto Pequena nobreza e nobreza da
terra na construção do Império: os arquipélagos atlânticos.
Em 2011
participou no Congresso Internacional
Pequena Nobreza nos Impérios Ibéricos de Antigo Regime apresentando uma
síntese do estudo “Percursos e rostos da pequena nobreza da ilha de Santiago de
Cabo Verde nos séculos XVI a XVIII”, publicado em Actas do referido Congresso.
Em 2012
participou no Colóquio Internacional Cabo-Verde
e Guiné-Bissau: Percursos do Saber e da Ciência (21 a 23 de Junho), Lisboa,
IICT, ISCSP, UTL, com o estudo “O exercício do poder na ilha de Santiago entre
1767 e 1796” publicado em Actas do mesmo.
Em 2013 lançou o livro O Domínio do poder e o poder dos Homens - Os governos interinos
camarários das ilhas de Cabo Verde
(Séculos XVII e XVIII).
Ainda em 2013 participou no Congresso
Internacional A Ordem de Cristo e a
Expansão Portuguesa, promovido pela Sociedade de Geografia de Lisboa
apresentando o artigo “Os cavaleiros da Ordem de Cristo nas ilhas de Cabo
Verde”.
Em 2014 participou no Congresso Internacional Município e Poderes Locais em África com
o texto “O poder municipal em Santiago de Cabo Verde entre 1500 e 1770”
concluiu o estudo “A moeda em Cabo Verde até meados do século XIX”, primeiro
capítulo do livro História da Moeda em
Cabo Verde (João Esteves, dir.) edição do Banco de Cabo Verde, 2015.
Em 2015 participou no Congresso Internacional Judeus e Cristãos-Novos no Mundo Lusófono
com o estudo “Sebastião Fernandes Cação, um fidalgo cristão-novo na costa da
Guiné.” Foi também o ano da publicação do segundo livro: A ascensão de Manuel Gonçalves de Carvalho a governador interino das
ilhas de Cabo Verde (1751-1769).
2017 - Participou no Congresso
Internacional As Cidades na História
com o texto “Ribeira Grande de Santiago – uma cidade ultramarina do período
moderno entre 1533 e meados do século XVIII”, em Actas do mesmo, Guimarães,
2017.
De momento, entre vários trabalhos de
investigação, prepara a biografia de uma figura marcante na história das ilhas
Cabo Verde, O coronel João Freire de
Andrade (século XVIII).
Edson Soares Correia de Brito
A administração fiscal em Cabo Verde – Aspectos
singularizantes em relação à Madeira e aos Açores
O presente estudo visa, de forma sintética, compreender o
modelo fiscal e a tecnocracia aplicada às possessões insulares portuguesas da
Madeira e dos Açores no Atlântico Norte, e de forma mais aprofundada e
analítica, do arquipélago de Cabo Verde no Atlântico Sul, de modo, a transferir
o excedente para Portugal.
Se por um lado, estes arquipélagos encontravam-se
desertos à chegada dos portugueses e isso é relevante na medida em que ao
modelo de ocupação e administração financeira seguido na metrópole não se teve
de modificar nada previamente existente, por outro lado, cada um desses espaços
insulares revestiram de particularidades específicas. Assim, defendemos que a
administração fiscal quatrocentista e de início de Quinhentos traduziu, em
relação a Cabo Verde, aspetos singulares que a distinguem do que se verificou,
em termos de administração fiscal, nos arquipélagos da Madeira e dos Açores.
Durante este período, tentaremos fazer um enquadramento da
orgânica montada para a arrecadação dos tributos devidos ao donatário e
posteriormente à Coroa nesses territórios, bem como a sua eficiência e
exequibilidade tendo em conta a geografia destes espaços onde o poder central é
menos evidente, para além de os agentes destacados para tal finalidade serem
corrompíveis, como é o caso de Cabo Verde, que teremos cuidado de evidenciar
por se encontrar em relação aos demais arquipélagos mais afastado do reino
sendo, portanto, o mais sujeito a desvario.
Edson Edy Soares Correia de Brito, historiador, mestre em
Territórios Poderes e Instituições pela Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra. Técnico superior do Instituto do Património Cultural, afeto à Direção
dos Monumentos e Sítios, onde colaborou no projeto de classificação dos Centros
Históricos, na atualização da Lista indicativa da UNESCO, no plano de inventário
nacional, no projeto Margullar. Participou ainda, na elaboração do dossier de candidatura da Morna a Património
Imaterial da Humanidade, e no projeto da Rede Nacional dos Museus.
Camila Teixeira Amaral
As frotas do Brasil, os Açores e o descaminho do
tabaco (sécs. XVII)
RESUMO | ABSTRACT
Uma consulta da Junta da
Administração do Tabaco em junho de 1692 informava ao rei D. Pedro II sobra a
petição de Jacinto da Siqueira. Ele, contratador dos estancos do tabaco das
ilhas de S. Miguel, Terceira e anexas, havia enviado uma carta justificando seu
insucesso em conseguir interessados em arrendar tais estancos, posto ser
frequente ali desencaminhar o tabaco vindo nos "navios do Brasil".
Tomando essa narrativa como ponto de partida, esta comunicação visa delinear a
relação entre o Brasil e os Açores seiscentistas a partir das frotas vindas
sobretudo da Bahia carregadas de tabaco com destino a Portugal continental. É
importante ressaltar que este produto tornou-se, ao longo do século XVII, a
principal fonte de receita do estado português e a criação de uma estrutura
administrativa destinada apenas a fiscalizar e legislar o tabaco incluiu não só
Lisboa — onde estava sediada a fábrica do tabaco —, mas também o arquipélago
açoriano, sobretudo duas cidades: Angra e Ponta Delgada. A partir dos
documentos existentes no fundo da Junta da Administração do Tabaco, existentes
na Torre do Tombo e de alguns documentos publicados dos arquivos micaelenses,
procurarei dar os primeiros passos para em breve investigar com maior
profundidade sobre a importância dos Açores para o Brasil colonial.
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
Camila Teixeira Amaral é mestre em
História pela Universidade Federal da Bahia e atualmente é doutoranda em
História pelo CHAM- Centro de Humanidades (FCSH-NOVA), onde desenvolve seu
projeto "As duas margens do Atlântico: os governos de d. João de Lancastro
em Angola e no Brasil". Foi bolseira da Coordenação de Aperfeiçoamento
Pessoal do Ensino Superior (CAPES) pelo edital de bolsas do governo brasileiro
para doutorado pleno no exterior. Em Portugal participou do projeto
internacional "Uma cidade, vários territórios e muitas culturas. Salvador
da Bahia e o mundo Atlântico, da América portuguesa ao Brasil República"
(FCT/CAPES). Também foi recentemente bolseira de investigação no projeto
"Hospital Real de Todos os Santos: a Cidade e a Saúde", financiado
pela Câmara de Lisboa e pela FCT.
PAINEL 2 – O GOVERNO DAS ALMAS: O CONTROLO
ECLESIÁSTICO
Maria João Pereira Coutinho
Entre o poder espiritual e o poder secular; os
agentes e as obras nas festas de beatificação de Santo Inácio de Loiola nos
Açores
RESUMO | ABSTRACT
Uma
das formas de governo que, na Época Moderna, habitou o Portugal continental e
insular foi aquele das ordens e institutos religiosos. Sem quererem
subjugar os espaços onde implantaram as suas casas, exerceram, não obstante, a
sua influência através de diversas manifestações, onde se incluem as
celebrações religiosas, de que as festas de beatificação e de canonização foram
um significativo exemplo.
Destacamos,
de entre estas festas a da beatificação de Santo Inácio de Loiola (1609), na
Terceira e em São Miguel (em 1610), onde se percebe, claramente, dos registos
existentes, que a actuação de vários intervenientes, particularmente dos
membros da Companhia de Jesus, assim como de outros actores, afectos ao poder
local (governador, capitão-donatário e sargento, entre outros), se inscreve e
adentra, concomitantemente, em diferentes tipos de poder, como o espiritual e o
secular.
A
proposta agora apresentada visa dar a conhecer essa diversidade de
participantes, considerados per si, o impacto da sua acção
específica, bem como o contributo que, no seu todo, deram para um bem maior: o
da promoção / expansão de uma festividade que mobilizou toda a população destes
espaços.
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
Maria João Pereira Coutinho é doutora em História
(especialidade em Arte, Património e Restauro), pela Universidade
de Lisboa. Actualmente é investigadora
contratada do Instituto de História da Arte da Faculdade de
Ciências Sociais Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, onde desenvolve a
investigação Arquitectura, escultura e ornamento: transferências
artísticas no contexto das obras de pedraria da Assistência Portuguesa (S.I.)
nos sécs. XVI-XVIII, financiada por fundos nacionais através da FCT –
Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito da Norma Transitória –
[DL 57/2016/CP1453/CT0046]. Foi também no IHA / NOVA FCSH
que desenvolveu, nos últimos 6 anos, um projecto
de pós-doutoramento sobre portais e obras de pedraria em fachadas, nos
períodos filipino e brigantino. É membro da Sociedade Portuguesa
de Estudos de História de Construção (SPEHC) e da Société
Internationale d´Études Jésuites (SIEJ). Tem
editado, publicado e participado, como autora e coautora, no âmbito da
História da Arte e das Artes
Decorativas, em publicações nacionais e internacionais.
https://www.cienciavitae.pt/A415-931B-5D04.
Julia Bühner
The conquest of the Canary Islands as a history of
international law
The
occasional event of the American continent’s discovery, in historiography
widely accepted as the beginning of a new era, has for the most part
overshadowed the explorations of the est African coast and the Atlantic Islands
(See Tejera Gaspar, Antonio et al. (ed.): Para una
historia atlántica. El contacto de los europeos con las sociedades canarias y
caribeñas. Santa Cruz de Tenerife 2011, Taller de
Historia 46, p. 17). The Canary archipelago, gradually incorporated into the
emerging Spanish empire during the 15th century, was not only the ideal place
for Columbus’ departure but also served as a ‘laboratory’ for strategies
of conquest and colonization and
articularly questions of international law (See Herbers, Klaus: Die
Eroberung der KanarischenInseln - Ein Modell für die spätere Expansion
Portugalsund Spaniensnach Afrika und Amerika?, in: Afrika. Entdeckung und
Erforschungeines Kontinents, edited by Heinz Duchhardt, Köln 1989, Bayreuther Historische
Kolloquien 3, pp. 51-95).
In my
paper I would like to address these questions focusing on the establishment of
dominion and governance on the Canary Islands at the beginning of the 15th
century. Instead of theoretical debates on dominion rights, for instance
discussed at the Council of Basel, Iwould like to concentrate on practices: How
did the European conquerors claim dominionover the islands? How did they
legitimate and impose their dominion?
Furthermore,
indigenous perspectives shall be included: Not just passive victims ofwar, the
autochthonous population of the archipelago actively tried to defend its rights
at theCourt of Castile or the Roman Curia for example. Thereby Castilian
governance over theislands was less challenged than the way in which the fief
was governed by Castilian vassals.
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
ACADEMIC
QUALIFICATIONS: 2017 - present PhD, Medieval History, WWU Münster.Dissertation
project on ‘New Worlds. An AlternativeHistory of International Law of the
Spanish Era(1402-1550)’ (draft title). Supervisors: Prof. Dr. Martin Kintzinger
(History Department, WWU Münster) and Prof. Dr. ThomasDuve (Max Planck
Institute for European LegalHistory, Frankfurt am Main). // 2014 - 2017 MA,
History, WWU Münster. Master’s thesis on ‘Equality and Equal Status
in International Law Concepts of the Sixteenth Century’. // 2011 - 2014 BA,
German and History, WWU Münster
ACADEMIC
EMPLOYMENT: 2018 - present Research Assistant. Chair of Prof. Dr. Martin
Kintzinger, High and Late Middle Ages/Western European History, History Department,
WWU Münster. // 2016 Student Assistant. Prof. Dr. Lucian Hölscher, Guest
Professor ‘Hans-Blumenberg-Ehrenprofessur’ at the Exzellenzcluster Religion and
Politics, WWU Münster // 2012 - 2016 Student Assistant. Chair of Prof. Dr.
Thomas Großbölting, Modern and Contemporary History, History Department, WWU Münster.
AWARDS,
GRANTS, HONOURS: 2019 European Doctoral Summer School, York (UK) //2018 -
present Doctoral Scholarship of the German Academic Scholarship Foundation
(Studienstiftung desdeutschen Volkes) // 2017 Summer Academy ‘Conflict
Regulation’, Max-Planck-Institute for Legal History, Frankfurt am Main // 2015
- 2016 Scholarship of the German Academic ScholarshipFoundation
(Studienstiftung des deutschen Volkes).
PUBLICATIONS:
Conference report Historikertag 2018: Division se mist entre eulx.
Politische Spaltungenim spätmittelalterlichen
Europa. 25.09.2018–28.09.2018, Münster, in:
H-Soz-Kult. // Conference report Historikertag 2018: „Bürgerkriege“
imSpätmittelalter: Frankreich, England, dieburgundischen Niederlande,
Katalonien und Neapel. Vergleichende Perspektiven. 25.09.2018–28.09.2018,
Münster, in: H-Soz-Kult.
PRESENTATIONS:
‘New Histories of International Law – The Conquest of the Canary Islands
(1402-1496)’(Poster Presentation). Conference ‘Ibero-Mediävistik: Grundlagen,
Potentiale und Perspektiven eins internationalen Forschungsfeldes’, Heidelberg,
May 2019. // ‘Neue Welten. Eine andere Völkerrechtsgeschichte des Spanischen Zeitalters
(1402-1550)’Research Colloquium ‘1519 – Key moments in the submission of the
world?’, Centre for Atlantic andGlobal Studies, Leibnitz University Hannover,
April 2019. // ‘The Question of Dominium in the Context of the Conquest
of the Canary Islands’. Reading Course of Alonso de Vera Cruz’ Relectio De
dominioinfidelium et iusto bello: ‘JustDominion: Whatever may have been the
right and justice at the beginning’, Max Planck Institute forEuropean Legal
History, Frankfurt am Main, April 2019. // ‘Let there be Light – Histories
Hidden in the Shadow of Francisco de Vitoria’. Conference ‘Politics and the
Histories of International Law’, Max Planck Institute for ComparativePublic Law
and International Law, Heidelberg, February 2019. // ‘The Conquest of the
Canary Islands – A History of International Law?’. Durham-Münster Workshop,
Durham (UK), November 2018. // ‘Völkerrecht und die aristotelische Lehre des
Sklaven von Naturim Entdeckungszeitalter’. Colloquium for master and doctoral
students, Prof. Silke Hensel, Münster, June 2017.
Margarida Vaz do Rego Machado
O poder local e os contratos régios nos Açores do
Antigo Regime
RESUMO | ABSTRACT
Como escreveu Romero de Magalhães
o real Mando dos Concelhos assentava
num leque de poderes como o abastecimento alimentar, a fiscalização de mercado, a fixação de salários
dos mesteres, o domínio do comércio pelas licenças para transações fora do
termo (Maria Helena Cruz Coelho e Joaquim Romero Magalhães (1986), O Poder Concelhio das origens às cortes
constituintes, Coimbra, Edição Centro de Estudos e Formação Autárquica,
p.32) . Este poder económico era
fortemente defendido pelas “gentes da Governança”, especialmente no que se
refere ao abastecimento alimentar, pois a falta de pão e a consequente carestia
podia levar à fome com consequências negativas para o seu governo.
Paralelamente a este poder local, o poder central, governava de modo a controlar as actividades económicas, utilizando, entre outros, o
sistema do monopólio e do contrato régio, onde exclusivos comerciais, com
inerentes privilégios de ordem financeira e fiscal, ofereciam garantias de
sucesso não só aos agentes económicos envolvidos mas, também, ao próprio Estado
( Madureira, Nuno (1996), Mercados e
privilégios na indústria Portuguesa (1750-1843), Lisboa, ISCTE, p. 104) .
Esta comunicação
pretende analisar as relações entre o poder local e o poder central, tomando
como exemplos as atuações das Câmaras Municipais Açorianas face aos exclusivos dos contratos régios dos Dízimos e Miunças de toda a Ilha
de S. Miguel, do Contrato da Pescaria
da Baleia e do Contrato do Tabaco.
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
I am Professor of
Portuguese Empire, Atlantic History and Azorean History at the University of
Azores and I coordinate the research group of Economies, Agents and Commercial
Cultures,(Overseas Economies and Trade Network) at the research center: CHAM -
Centro de Humanidades of the Universidade Nova de Lisboa – University of the
Azores.
I specially
dedicate mi researches and studies to the economy and society of S. Miguel,
with particular focus on the 18th century and the Mercantile Elites and Slaves
trade. At this time (2013) i integrate the researchers teams of the following
international projects: SATI - La Integracíon da las Economias Atlánticas: El Papel del Tabaco en los
Imperios Ibéricos,1636-1832 project manager: Santiago Melendez de Luxán funded
by Minisrterio de Economia Y Competitividad do Governo Espanhol, Plan Nacional
de I+D+i, Subprograma de Proyectos de Investigación Fundamental ,2011-2014. STARACO - Statuts,
“race” et couleurs dans l'Atlantique de l'Antiquité à nosjours – STARACO, a
cargo do Centre de Recherche enHistoire Internationale et Atlantique (CRHIA),
EA 1163, Université de Nantes, e financiado pela Commission du Développement et
des Activités Économiques, de l’Enseignement Supérieur, de la Recherche et de
l’Innovation de la Région des Pays de la Loire, 2013-2016
PAINEL 3 – A GOVERNANÇA DA TERRA VIVIDA NAS
PERIFERIAS
João de Figueiroa-Rego
Um mundo de papéis. Escrita e governança nos espaços
da Coroa de Portugal (sécs. XVII-XVIII)
A despeito da natureza ainda bastante
descritiva da comunicação que se pretende apresentar, o trabalho de análise
realizado pelo autor constitui um primeiro ensaio de processamento de dados
sobre comunicação política, administrativa e pessoal baseado, essencialmente,
na documentação de várias instituições e magistraturas do centro político na
época moderna.
Documentação que deve ser vista e
entendida à luz de três diferentes matizes, consoante a sua proveniência,
destino e alcance: correspondência oficial, correspondência privada,
arbitrismo. Este último, não no sentido genérico atribuído à Escola de
Salamanca e à Coroa de Castela, mas como expressão quase memorialista de quem
observava, no centro e, sobretudo, nas periferias, as questões administrativas
e de mando, concorrendo com sugestões e críticas.
Esta advertência é necessária e,
embora sumariamente enunciada, assenta em fundos documentais com um grande
potencial de pesquisa. O conteúdo do enorme fluxo de correspondência gerado,
quer entre governantes, quer destes com particulares, permite uma leitura
comparada e complementar dos circuitos epistolares.
A diversidade e riqueza das matérias e
pontos de vista abordados é evidente e reveladora de um conjunto complexo de
redes em que os actores sociais assumem, também, papel de mediadores e definem
o ritmo quotidiano das instituições da monarquia portuguesa, na metrópole e em
distintos espaços geográficos.
A permeabilidade a certas influências
e comportamentos indiciadores de atitudes corporativistas nas magistraturas e
outros órgãos (Conselhos da Fazenda, de Guerra e Ultramarino, Junta da
Administração do Tabaco, Mesa da Consciência e Ordens, Santo Ofício, Desembargo
do Paço), os bastidores dos governos ultramarinos, os poderes locais,
irmandades e confrarias, para citar alguns exemplos, não podem ser dissociados
do poder da palavra escrita, seja ela sob a forma de alvarás, avisos, consultas
ou correspondência privada.
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
Mestre em História das Instituições e
Cultura Moderna e Contemporânea, Doutor em História Moderna, com a Tese “A
honra alheia por um fio: os estatutos de limpeza de sangue nos espaços de
expressão ibérica (sécs. XVI-XVIII)”, editada pela FCG/FCT (2011). Publicou
vários textos sobre temáticas de História Social, Cultural e Económica
luso-afro-brasileira, ibérica e atlântica, sendo Investigador integrado e
subdirector do CHAM – FCSH UNOVA, Coordenador dos ANAIS de História de Além-Mar
e membro efectivo do Conselho Científico da Comissão Portuguesa de História
Militar. Integrou diversos Projectos Internacionais de Investigação e recebeu
os Prémios da Fundação António Almeida e da Associação Portuguesa de História
Económica e Social.
Edite Martins Alberto
“E sejam pessoas honestas … com honestidade pedindo”
– os mamposteiros das ilhas
RESUMO | ABSTRACT
O cargo de
mamposteiro-mor dos cativos foi criado com o fim de superintender a arrecadação
de bens e valores resultantes de esmolas, penas, resíduos ou legados
testamentários, destinados ao resgate dos cristãos cativos no Norte de África.
Inicialmente, a
recolha foi realizada pelos religiosos da Ordem da Santíssima Trindade, que
estavam responsáveis pela organização dos resgates, primeiro em terras da
Península Ibérica e após a conquista de Ceuta, nas praças norte africanas. Com
a criação do Tribunal da Redenção dos Cativos por D. Afonso V, em meados do século
XV, passou a ser um ofício de nomeação régia, e no século seguinte a estar
subordinado à Provedoria-mor dos Cativos na Mesa de Consciência e Ordens.
A Provedoria recebia
os fundos angariados nas comarcas do reino, ilhas atlânticas, Brasil e Índia, através
das mampostarias, para onde confluíam os rendimentos que os monarcas foram
direcionando para resgate de cativos. O dinheiro arrecadado era remetido para o
Cofre Geral da Redenção dos Cativos, em Lisboa, para ser utilizado nos resgates
efectuados pelos religiosos trinitários.
Nesta comunicação pretendemos destacar
o papel das mampostarias dos arquipélagos atlânticos dos Açores e da Madeira, o
modo como se relacionavam com a Provedoria dos Cativos da Mesa da Consciência e
Ordens, e contribuíam para a obra tão
nobre e pia de resgatar cativos cristãos.
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
Mestre em
História dos Descobrimentos e Expansão Portuguesa pela Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH) (1994) e
doutorada pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho (2011)
com a tese intitulada Um negócio piedoso – o resgate de cativos portugueses
na época Moderna.
É
investigadora integrada do CHAM - Centro de Humanidades (NOVA FCSH e
Univ. Açores). Colaborou em projetos de investigação relativos ao estudo da
presença de Portugal em Marrocos nos séculos XVI a XVIII (NOVA FCSH e Univ.
Minho), história do jogo em Portugal (FC-UL), marcas das ciências e da técnica
em Lisboa (FC-UL) e, ultimamente, no projeto Lisboa Conventos – Da cidade
sacra à cidade laica (NOVA FCSH, NOVA FCT, ANTT e CML).
Depois de um
período de três anos como bolseira de investigação da FCT – Fundação para a
Ciência e Tecnologia, integrou a equipa do Gabinete de Investigação e Estudos
do Arquivo Municipal de Lisboa. Atualmente exerce funções no Núcleo de Estudos
do Património do Departamento de Património Cultural da Câmara Municipal de
Lisboa. Possui experiência de investigação na área do património cultural e da
história religiosa nomeadamente no estudo da Ordem da Santíssima Trindade de
Portugal na época moderna, confirmada por várias publicações e apresentação de
comunicações a congressos científicos.
Tiago Simões da Silva
Regular o contacto com o outro: o porto da Horta
como espaço de fronteira no século XVIII
RESUMO | ABSTRACT
A ilha do Faial era, no século XVIII, um importante ponto
de passagem nas rotas que cruzavam o Atlântico. Na vila da Horta estavam
presentes mercadores e representantes consulares de várias nacionalidades, assim
como homens de negócio locais, alguns dos quais possuindo embarcações próprias.
Além destes, circulavam pela ilha um sem número de pessoas e bens, através dos
navios que aportavam à baía.
Estas
presenças regulares foram objecto de especial atenção por parte das
autoridades, resultando na criação de mecanismos específicos de regulamentação,
assim como moldando a sociedade local, que se acostumou aos contactos com o
exterior e aos proveitos que deles podiam resultar.
Esta
comunicação pretende reflectir sobre o tema da fronteira como lugar de
contacto, centrando-se na análise deste caso específico, sobretudo tentando
perceber como as diversas entidades do governo local regulavam estas
interacções. Que regras tinham de cumprir as embarcações que paravam nesta
ilha? E os marinheiros, passageiros e mercadorias? Quem ditava essas regras e
quem as fazia cumprir? Que restrições existiam? Que contactos eram
estabelecidos com a população local? Quais eram as preocupações da Coroa e das
entidades locais na regulamentação destes contactos? Como se processavam esses contactos?
Que impactos tinham?
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
Tiago Simões da Silva nasceu na ilha
do Faial (Açores).Licenciado em História pela Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Nova de Lisboa (2014), com uma Pós-Graduação em
História Moderna e dos Descobrimentos (2015). Actualmente é doutorando em
História Moderna na mesma universidade.
Desde 2015 é investigador do CHAM –
Centro de Humanidades (Universidade Nova de Lisboa / Universidade dos
Açores).Desenvolve investigação relacionada sobretudo com História Moderna e
História dos Açores e promove frequentemente actividades junto do público sobre
História e Património, sendo o dinamizador do projecto “Horta Histórica”.
PAINEL 4 – A DEFESA DO TERRITÓRIO
Tiago Machado de Castro
Artilheiros no Atlântico. Notas sobre a instalação e
continuidade das guarnições de artilheiros no arquipélago dos Açores
RESUMO | ABSTRACT
Em 1552 foi definida a existência de corpos
permanentes de artilheiros nas ilhas dos Açores, suprindo a sua não existência
formal. Até então a preocupação da coroa portuguesa era a defesa dos mares
circundantes e a escolta da navegação ultramarina, que fazia nas ilhas a ultima
escala antes de rumar a Lisboa. O que se observa nesse período é o envio
sazonal de artilheiros, vindos de Lisboa, para a equipagem dos meios navais
destacados para defesa das ilhas. A criação de corpos permanentes de
artilheiros aparece integrada no processo de reformulação da rede de fortificações
defensivas das costas portuguesas, iniciado nos finais do reinado de D. João
III e prolongado com D. Sebastião, onde se adotam traçados angulares
acompanhando as novas tendências da arquitetura militar.
A instalação desses contingentes seguiu os mesmos
moldes na ilha Terceira e em São Miguel, onde habitantes locais foram
instruídos nas técnicas de fogo com artilharia, recebendo estatuto semelhante
ao dos bombardeiros centralizados em Lisboa.
O presente trabalho pretende descrever o modo como
ocorreu esta instalação e se processou a continuidade do seu serviço no
restante do século XVI e XVII, observando as regras que foram aplicadas nos
Açores, comparando-as com as utilizadas noutros momentos e geografias do
império português, contribuindo para formação de um retrato coletivo dos
artilheiros que serviram a coroa portuguesa no seu império ultramarino.
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
Tiago Machado de Castro. Nasceu em Lisboa a 22 de
Junho de 1971. É licenciado em História e mestre em História Marítima pela
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e doutorando em História da
Expansão na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de
Lisboa.
Foi bolseiro de investigação do projecto PostScriptum: Arquivo Digital de Escrita
Quotidiana em Portugal e Espanha na Época Moderna do Centro de Linguística
da Universidade de Lisboa, de novembro 2012 a agosto 2016. Ao presente é bolseiro de
doutoramento FCT, e assistente de investigação do CHAM - Centro de Humanidades
da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Tem
como temas principais de investigação a História Marítima e a História Militar
na idade moderna.
Luís Costa e Sousa
A conquista da ilha Terceira dos Açores (1581-83):
Imagens de uma liderança
Propõe-se fazer uma síntese dos três anos de campanhas militares que se
seguiram à conquista de Portugal continental. O domínio do Atlântico foi um
objectivo primordial do soberano espanhol, e, portanto, a conquista das ilhas
do arquipélago dos Açores era essencial. Foi um longo exercício, apenas
concretizado ao fim de três expedições militares que se prolongaram por outros
tantos anos, e durante as quais se feriu uma das maiores batalhas navais de
todo o século XVI, se lutou com elevados efectivos militares, e se confrontaram
alguns métodos de combate pouco ortodoxos.
Confrontam-se duas fontes incontornáveis, provenientes dos dois lados do
confronto: a crónica de D. António escrita com experiência adquirida em
primeira mão, de Pedro de Frias; e o impresso de Mosquera de Figueroa, texto
por demais conhecido, mas cuja gravura não tem sido analisada em detalhe. Estes
documentos deixam-nos uma curiosa imagem das condições particulares de um campo
de batalha remoto, mas ainda assim onde se cruzam múltiplas influências
militares.
Comunicação efectuada no âmbito do projecto financiado pela FCT “De ReMilitari: from military writing to the image of
the battlefield in the Portuguese space, 1521-1621” (PTDC/
ART-HIS/32459/2017)
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
Graduated in Architecture from the Faculdade de Arquitectura de Lisboa (1990), and completed his PhD in the History of Discoveries and Expansion (CH-FLUL), developing the topic of linkages between sixteenth-century artistic forms and the writing and practice of war in Portugal. His Master’s dissertation earned the prize Prémio de Defesa Nacional (2006), as did His last book, Construir e desconstruir a Guerra em Portugal 1568-1598 (2015). He has published several books, articles, and studies on the articulation between art and war in the sixteenth and seventeenth centuries, focusing more specifically on the study of military treatises and the iconography of warfare. He is at present a post-doctoral fellow at CHAM (UID/HIS/04666/2013), developing a project that involves a systematic survey of period military iconography, on various physical supports. He is a founding member of the Iberian Military History Association (c. IV - XVI).
Carlos Luís da Cruz
“Cossairos” e piratas na Macaronésia: o ataque de
1599 a Santa Maria numa fonte neerlandesa
No contexto da guerra anglo-espanhola (1585-1604), após as vitórias
inglesas em Cádis (1587) e contra a Armada Invencível (1588), estes tentaram
exercer a sua influência sobre os Países Baixos Espanhóis com o objetivo de
consolidar uma posição hegemónica na guerra naval do Atlântico.
A prática da política de “Mare
clausum” pelas coroas ibéricas e a exploração de vastas riquezas no chamado
“Novo Mundo” foram decisivas para o
recrudescimento da guerra naval no Atlântico, onde o arquipélago dos Açores
assumiu posição charneira.
Embora conhecidos diversos ataques à Ilha de Santa Maria - castelhanos na
década de 1480, franceses em 1553 e 1576, ingleses em 1589 e de piratas da
barbária em 1616 e 1675 -, menos conhecido é o ataque à ilha registado em 1599
por elementos da frota de Pieter van der Does que assaltou as Canárias no Verão
daquele ano, conduzindo à reformulação da defesa militar naquele arquipélago. A
informação, colhida numa notícia neerlandesa coeva, atualmente depositada no acervo do
Rijksmuseum, compreende uma iconografia cuja análise se reveste de interesse
para a compreensão do urbanismo de Vila do Porto em particular, e da defesa
militar, não apenas dessa ilha açoriana, mas das ilhas atlânticas em geral, à
época.
Carlos Luís M.C. da Cruz, doutorando em História Insular e Atlântica
(Séculos XV-XX), na Universidade dos Açores (UAç). Assistente de Investigação no CHAM -
FCSH/NOVA-UAc. Colaborador no Banco
de Dados Internacional sobre fortificações da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), no Brasil.
Frank Engel
Supporting the Castilian Conquest: the “Bula de Canaria”
When the Catholic Monarchs undertook the conquest
of Gran Canaria from the late 1470s onwards, their military efforts were
supported by the Papacy, granting them what is called the “Bula de Canaria”:
effectively, a kind of precursor of the well-known “Bula de Cruzada”, although
originally not intended to foster military, but missionary activities,
particularly the Nunciature of Guinea and the Oceanic Islands. The
profit-making mechanism was based upon the selling of indulgences (in form of
alms).
My contribution shall analyse the papal
concessions of indulgence and other favors imparted to the Catholic Monarchs
with regard to the Canarian project. For a better understanding and
contextualizing, a short comparison shall be drawn with other indulgences of
the period, and the evangelization of the Canarian indigenous people shall be
outlined. This paper shall also study the personnel deployed for the indulgence
campaign, both clerics and laymen, and its economic range. In conclusion, I
shall investigate the obstacles that the campaign met with
and how they were overcome: especially problems of payment moral, forgery and
papal – or curial – antagonism.
My paper shall thus shed some further
light on the “Bula de Canaria”, which has been studied several times through
the last decades by Spanish scholars (Eduardo Aznar Vallejo and others). For
this purpose, I shall appraise existing studies and published documents, but
also archival evidence, mainly deriving from the “Registro del Sello de Corte”
(Archivo General de Simancas, Cancillería).
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
Frank Engel, M.A., born in 1976, is currently working as a
researcher at the Academy of Sciences Göttingen (Germany), dedicating himself
to the edition and analysis of papal documents of the Early and High Middle
Ages. He graduated from the University of Bonn in 2003, after having studied
Medieval and Modern History, Classical and Medieval Latin at the same place and
at the University of Perugia (Italy). In April 2019, he has handed in his
doctoral thesis about the cathedral chapter of Cologne in the times of
Archbishop-Elector Dietrich II. (1414-1463). He has published several papers in
reviews and proceedings, about issues bothof the High and Late Middle Ages,
regarding Germany and Spain, political, administrative and ecclesiastical
history.
PAINEL 5 – UM OCEANO SEM FRONTEIRAS: CIRCULAÇÃO DE
GENTES, PRODUTOS E IDEIAS
Maria Barreto Dávila
O duque, o rei e a governança do Atlântico: os
primeiros anos da donataria de D. Manuel nos arquipélagos da Madeira, Açores e
Cabo Verde
A morte do duque de Viseu, D.
Diogo veio trazer mudanças na relação dos duques donatários com os arquipélagos
atlânticos. No dia da morte de D. Diogo, D. João II endereçou uma carta à
Madeira relatando os acontecimentos que tinham levado à morte do duque de Viseu
por traição à Coroa. A acompanhar esta carta, D. João II enviou à ilha Gil
Eanes, cavaleiro da Casa real, que iria explicar aos madeirenses os eventos
ocorridos no reino.
O jovem Manuel escreveu pela
primeira vez à ilha da Madeira uns dias depois, intitulando-se Duque de Beja e
Senhor de Viseu. Nesta carta, afirmava ter sido informado que, durante o
período em que a sua mãe, a infanta D. Beatriz, regera a ilha e depois, durante
o governo de D. Diogo, “vierom qua muytos
apũtamentos dos quaes escreo que muytos deles seriam em pouco proueyto do bem E
liberdade da dita ylha E de vos mesmos”. Com esta afirmação o novo duque
colocava em causa as medidas tomadas pelos anteriores donatários, numa carta em
que está bem patente a influência de D. João II. No entanto, as medidas tomadas para a ilha da Madeira e o envio
de novos capítulos contradizem a actuação de D. Manuel nos restantes
arquipélagos já que em 1485 confirmou várias cartas passadas pela infanta D.
Beatriz.
Nesta comunicação analisaremos
este período de transição no governo do Atlântico, já que os primeiros anos da
donataria de D. Manuel são marcados por uma maior intervenção régia e pela
ausência da infanta D. Beatriz, que até então estivera à frente da sua gestão.
Ao fazê-lo vamos tentar descortinar se as acções do novo duque são ou não
pensadas pelo rei e se quando D. Manuel atinge a maioridade em 1489, a sua
estratégia de actuação se modifica.
Maria Barreto Dávila é licenciada em História (2005), mestre em
História Medieval (2010) e doutorada em História dos Descobrimentos e da
Expansão Portuguesa (2017) pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da
Universidade Nova de Lisboa, com a tese "Governar o Atlântico: a infanta D.
Beatriz e a Casa de Viseu (1470-1485)", realizada sob orientação do
Professor Doutor João Paulo Oliveira e Costa. É investigadora integrada do CHAM
– Centro de Humanidades, desde 2009, onde tem participado em inúmeros projectos
de investigação, e onde coordena a linha temática de História das Mulheres e do
Género. Actualmente encontra-se a desenvolver um projecto de pós-doutoramento
intitulado “Género, Espaço e Poder: representações da autoridade feminina na
corte portuguesa (1438-1521)”, no âmbito do qual tem lecionado cursos dedicados
à História das Mulheres. A sua investigação tem reflectido sobretudo sobre o
princípio da expansão atlântica portuguesa e sobre a relação das mulheres com o
poder em finais da Idade Média.
Santiago Manuel Rodríguez Maldonado
Monarquia y ciudades: la
documentación y presencia regia en las Actas Capitulares del Concejo de
Tenerife en el siglo XVI
RESUMO | ABSTRACT
La documentación que emana de los concejos es fundamental para el conocimiento de los espacios locales, pero también para conocer cómo se desenvuelven estas instituciones en su propio territorio y cuáles son sus relaciones respecto a la autoridad superior. El propósito de esta comunicación es presentar un work in progress de mi investigación sobre la documentación real presente en las actas del concejo y el proceder ante la misma por parte de la institución local, así como el conjunto de actos locales que se llevaron a cabo y que se dedicaban a la vida, reinado o muerte de los sucesivos monarcas que reinaron en Castilla en los comienzos del siglo XVI. Para ello, se propone un análisis a partir de la documentación gestionada y conservada por el propio concejo. Este corpus documental incluye la generada por las instituciones concejiles, pero también la procedente de otras instituciones, como la cancillería real, y que reciben las instituciones locales; la cual, en muchos casos, se conserva adjunta o inserta en otras tipologías documentales. Ejemplo de ello son los documentos reales, ya sean copias u originales, que albergan en su interior las actas del concejo de la isla de Tenerife, así como los actos y algarabías dedicados a los y las monarcas. Por ello, la confluencia que se produce entre la recepción y emisión de documentación permite obtener una visión aún más completa de la realidad tanto a nivel local como del conjunto del reino.
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
Santiago Manuel Rodríguez Maldonado, natural
del Puerto de la Cruz, es Graduado en Historia por la Universidad de La Laguna
desde el año 2015. Posee un título universitario de Máster en Documentos y
Libros. Archivos y Bibliotecas por la Universidad de Sevilla en el año 2016 con
concesión de Premio Extraordinario de Fin de Estudios, adquiriendo las
especialidades correspondientes a Paleografía, Diplomática y Archivística.
Actualmente, desarrolla el Programa de Doctorado en Historia por la Universidad
de Sevilla, centrando su investigación en el ámbito de las Ciencias y Técnicas
Historiográficas. También forma parte del grupo de investigación LexHis de la Universidad
de La Laguna.
Cuenta con algunas publicaciones: por un
lado, en la Revista de Historia Canaria (nº 199 – 2017), realizado en conjunto
con la Dra. Ana Viña Brito, un trabajo titulado “La venta de aguas de El
Aserradero (Adeje)”; por otro lado, un artículo titulado “La importancia del patrimonio documental: el
caso del Puerto de la Cruz” para la revista Catharum del Instituto de
Estudios Hispánicos de Canarias; y, por último, el trabajo titulado “La escribanía pública como elemento de
construcción de la genealogía: el oficio de Juan López de Azoca en San
Cristóbal de La Laguna durante el siglo XVI” para las actas del I Congreso
Internacional de Genealogía e Historia Familiar de Canarias. Un puente entre
Europa y América. También algunas comunicaciones presentadas en congresos como
“Documentos familiares en archivos
municipales: el fondo Lugo-Viña-Massieu del Archivos Municipal de La Orotava”
del Congreso Internacional de Herencia Cultural y Archivos de Familia en los
Archipiélagos de la Macaronesia, o “La documentación al servicio del concejo:
las actas capitulares del Concejo de Tenerife” del XXIII Coloquio de
Historia Canario Americana, actualmente en prensa.
PAINEL 6 – GOVERNAR SOCIABILIDADES
Judit Gutiérrez de Armas y Sara Barrios Díaz
Governar os afectos: escravatura, desonra e género
nas Canárias
Nesta
comunicação, através da relação entre Dona Jacobina de Sopranis e sua
ama-de-leite, María de la Candelaria (liberta mulata), pretendemos destacar a
existência de vínculos afetivos profundos entre as criadas e as senhoras no
ambiente familiar e como estes afetos, embora enquadrados em relações de poder,
podiam levar a ações focadas na proteção mútua. Além disso, veremos que estas
relações afetivas nem sempre mostram a pessoa liberta como sujeito passivo, mas
que ela também tomou decisões, mediadas por afetos, que procuravam assegurar o
bem-estar e a proteção da senhora, especialmente quando a relação entre ambas
era de tipo materno-filial.
Para
tanto, partiremos da contextualização da condição social das escravas
domésticas na Idade Moderna e das dificuldades que elas comumente vivenciavam
após a obtenção da liberdade, pois o estigma social da escravidão era tão
insuperável que, na maioria das situações, elas não conseguiram se inserir na
sociedade como pessoas livres e permaneceram no ambiente doméstico. Da mesma
forma, será mostrado como o estigma da escravidão foi transmitido
geracionalmente através do sangue.
Finalmente,
vamos reflectir sobre os limites que o discurso hegemónico da elite (impregnado
de valores nobres) colocou à expressão destes afectos, dotando-os de uma
componente infame que poderia ser exercida pelos rivais numa situação de
conflito.
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
Judit Gutiérrez de Armas é doutorada em Ilhas Atlânticas pela ULL e
doutorada em História, com especialização em Arquivística Histórica pela
FSCH/NOVA. A sua investigação foca-se na história dos arquivos de família, na
história das mulheres, na cultura escrita e na história agrária insular, áreas
a que dedicou uma dúzia de publicações.
Sara Barrios Díaz é doutoranda no programa de doutoramento internacional
Islas Atlánticas, Historia, Patrimonio y Marco Jurídico Institucional, na ULL,
onde desenvolve a sua tese de doutoramento: Esclavitud Doméstica y Redes
Atlánticas (Tenerife, século XVIII), dirigida por Manuel de Paz Sánchez. É
autora de várias comunicações para congressos internacionais e artigos sobre
escravatura nas Ilhas Canárias. Realizou uma estada internacional no Center for
Canary American Studies no Hunter College da City University of New York.
Maria Adelina Amorim
Leitura e mendicância: praticar a Regra no Convento
de São francisco da Horta, Faial
“Todas
as nossas casas tenham livrarias, de que haverá inventário. E dos livros que
nele estão dará conta quem assistir na livraria. Pelo que terá o tal religioso
a chave dela. E o guardião cuidado de mandar consertar os livros, para que se
não percam. E se for negligente neste particular será castigado pelo
provincial, o qual terá muito cuidado de prover as livrarias todas da província
dos livros necessários, principalmente dos Morais e Predicativos,
aproveitando-se para isso dos que ficarem do uso dos frades defuntos, e dos que
por doação ou legado deixaram à Província pessoas devotas. E quando nem com
isto se supra a falta que deles houver em algumas casas, dará ordem, com que os
guardiães delas comprem os tais livros das esmolas, que vierem à casa (...)”.
A
partir de textos legais, fontes narrativas, monografias locais, registos e
inventários da Ordem Franciscana, é possível reconstituir práticas da vida
claustral, mas também de sociabilidade junto das populações onde as casas
monástico-conventuais se situavam.
Legalizados
nos Açores por Letra Apostólica de 28 de Abril de 1450, os Franciscanos
disseminaram-se por todo o arquipélago, conhecendo vários desdobramentos que
levaram à erecção da província independente de São João Evangelista que, em
conjunto com os outros Claustrais, actou com grande vigor até à exclaustração
das Ordens em 1834.
Este
estudo aplica-se ao antigo Convento de São Francisco da cidade da Horta no
Faial (Açores), que ainda hoje conserva as suas instalações de grande valia
patrimonial – tenha-se em conta, por exemplo, o conjunto azulejar com cenas da
vida de São Francisco e a magnífica obra em talha.
Para
o presente estudo, analisa-se a composição da livraria conventual, de que resta
o seu inventário, bem como o registo das esmolas, e respectivos doadores, que a
população envolvente entregava aos frades nas suas práticas de mendicância,
matriz da Ordem a que pertenciam.
É
possível resgatar duas das valências mais importantes da vida
monástico-conventual, uma mais ‘doméstica’ e comunitária – a prática da leitura
– e outra ligada ao quotidiano das populações, pois as esmolas registadas são
sobretudo de produtos alimentícios, o que permite um retrato sociológico e
económico da ilha.
NOTAS CURRICULARES | BRIEF CURRICULUM
MARIA ADELINA AMORIM. Nasceu em Coimbra. Viveu em Angola até ingressar no Ensino Superior. Doutorada em História do Brasil pela Universidade de Lisboa com a tese: «A Missionação Portuguesa no Estado do Grão-Pará e Maranhão (1622-1750): Agentes, Estruturas e Dinâmicas». Mestre em História e Cultura do Brasil pela Faculdade de Letras da mesma Universidade. Foi Bolseira de pós-doutoramento pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, com o projecto: «Política Indigenista dos Franciscanos na Amazónia Colonial (Séculos XVII-XVIII- Discursos e Praxis da Missionação». É investigadora doutorada integrada do CHAM- Centro de Humanidades/ UNova e Universidade dos Açores, onde coordena o SEPA-Seminário Permanente de Estudos sobre a Amazónia. Docente universitária. Sócia fundadora e presidente da Associação de Cultura Lusófona (ACLUS) na FLUL, onde co-dirigiu o «Dicionário Temático da Lusofonia», 2015. Pertence a várias instituições (inter)nacionais: Sociedade de Geografia de Lisboa; ICIA- Instituto de Cultura Ibero-Atlântica; AHEF- Asociación Hispánica de Estudios Franciscanos (Univ. de Córdova, Univ. Int. de Andalucia), Cátedra João Lúcio de Azevedo (Instituto Camões/UFPA), entre outras. Autora de dezenas de artigos e livros, de que se destaca “Os Franciscanos no Maranhão e Grão-Pará. Missão e Cultura na Primeira Metade de Seiscentos”, Universidade Católica Portuguesa, 2005; «Belém do Pará: 1616-2016», ‘Revista Camões’, n.25, Lisboa, Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2016; Rubrica “Bestiário” na ‘Rev. Atlântica’, Inst. Cultura Ibero- Atlântica, entre outros textos académicos e de ficção. Tem participado em dezenas de Conferências e Seminários nacionais e internacionais nas suas áreas de especialização. Organiza e participa de projectos nas áreas de História da Amazónia, Grão-Pará e Maranhão, Ordens Monástico-Conventuais e Missionação, Literatura de Viagens, Língua Portuguesa Literaturas, Culturas e Artes Lusófonas, entre outros. Comissária Científica de várias Exposições e Mostras, de que se distingue: «Nos 200 Anos da Partida da Família Real para o Brasil» (2017/2018), Lisboa, Museu Nacional dos Coches; «Da Feliz Lusitânia à ‘Felix’ Belém. 400 Anos da Fundação de Belém do Pará», Biblioteca Nacional de Portugal, 2016/2017.